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Cansaço

Essa aconteceu depois de algumas horas de julgamento: - Lísia, estou exausta, não consigo mais pensar! - Calma, Ester, já julgaram 20 processos, só faltam 10. Pausa. - Ester? - Hum? - Quanto é 6X7? Pausa. Nem eu sabia. Cansaço. - 48, Lísia. Pausa. Será mesmo? Tá estranho. Meu cérebro atrofiou! - Isso aí é 6X8, Ester. - Ah, é. Outra pausa. Meu Deus, quanto é mesmo? Suspiro... Lembramos juntas: 42!!!! Égua, cansei.

Trabalho, muito trabalho...

O que é ser taquígrafa? "Ah, é muito fácil! É só taquigrafar 5 minutos e depois tem um tempão para transcrever", dizem uns. "É moleza, há revezamento", dizem outros. "Serviço mecânico e repetitivo", diz o TSE. O que é ser taquígrafa no Poder Judiciário? "Mais fácil ainda, há convenções para tudo!", dizia minha professora Jean. E o que é ser taquígrafa no Poder Judiciário Eleitoral? "Serviço tranqüilo, só há Sessões para taquigrafar às terças e quintas", disseram quando passei no concurso... É, tá certo. Só esqueceram de avisar que existem as Eleições, e com elas muuuuuuuuuuito trabalho. "Revezamento"? Brincou, né? Somos apenas 4! "É só taquigrafar e transcrever"? Como taquigrafar uma Sessão inteira? 5 horas sem parar!!!! Nem comento a transcrição... "Serviço mecânico"? Faz-me rir! E os Acórdãos publicados em Sessão? Essa é a melhor parte, é necessário utilizar os dois ouvidos e os dois hemisférios cerebrais

Vovô Geninho

Meu avô materno sempre foi um modelo para mim. Dentista, poeta, vereador, marido, pai e avô! Foi membro da Academia Niteroiense de Letras, e Presidente da Câmara de Vereadores de Niterói. Perseguido e preso durante a Revolução de 64, foi demitido do cargo de dentista do Ministério da Marinha em 1964, e perdeu seus direitos políticos em 1966. Faleceu em 2005 deixando muitas saudades... Era o vovô brincalhão e carinhoso que mastigava de boca aberta imitando macaco para me fazer rir, contava piadas e roubava biscoitos da vovó para nos dar às escondidas. Deixou alguns poemas publicados, mas muitos ainda estão guardados com a família, como um precioso tesouro. Recentemente minha mãe resolveu digitá-los, e começou por essa pérola escrita para mim: 2º Natal de Lísia Regina - - Poema – Ah! se eu não me acostumasse, a gostar tanto de você; talvez hoje eu não andasse, tão ansioso de lhe ver. -.- Porque você não me avisou, que após férias iria embora? Hoje eu não seria o que sou, consolando

Maniçoba

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Meu contato com a maniçoba aconteceu logo na minha primeira refeição em Belém, na viagem que eu e dois ex-alunos (Eric e Myltom, também aprovados) fizemos para realizar a prova objetiva do concurso. No restaurante havia uma grande panela de barro com uma gororoba preta-esverdeada cheia de pedaços de porco boiando. Nos entreolhamos sem entender o que seria aquilo. O garçom explicou que era maniçoba, uma “feijoada sem feijão”, feita com a folha da mandioca. Que coisa horrível! Prometi a mim mesma que nunca, por dinheiro algum, comeria aquilo. Não consigo descrever sem baixar o nível, ou fazer analogias nojentas. Para não magoar meus amigos paraenses, transcrevo um trecho da revista Nosso Pará (foi uma paraense que escreveu!): “As pessoas olham desconfiadas. Sejamos sinceros: por divinamente saborosa que seja - e é - a maniçoba, à primeira vista, mais parece excremento fresco do gado.” Blurgh! E o cheiro? Bem, o cheiro é muito bom, forte, que impregna o ambiente. Uma louca mistura de mato

Pato no tucupi

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Cheguei em Belém louca para experimentar a comida típica. Sabia que existia um prato chamado "pato no tucupí" (acento meu), mas não fazia a menor idéia do que seria. Não sabia se era uma folha, uma tigela, uma fruta ou um molho... Ah! Mas eu aprendi a lenda do tucupi (aqui em Belém tem lenda para tudo): Diz a lenda que Jacy (Lua) e Iassytatassú (Estrela D'alva) combinaram visitar o centro da Terra, e quando foram atravessar o abismo, a serpente Caninana Tyiiba mordeu a face de Jacy. Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas, e derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. A partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi). Bacana! Seria o tucupi em forma de gotas? Resolvi experimentar. Descobri um restaurante que tinha, e fui correndo ver do que se tratava. Era um pato em um molho amarelo, cheio de uma folha cozida por cima. Pronto, descobri! Tucupi era um molho com cor de mostarda!! Entrei na fila (era self-service) com um misto de ansiedade e curiosid

Chuva

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Quando criança, eu ouvia uma "lenda" de uma cidade onde chovia todos os dias no mesmo horário, e as pessoas marcavam encontros para antes ou depois da chuva. Achei tão fantasioso que nunca esqueci isso. Que estranho, saber exatamente quando vai chover... e o pior: chuva todos os dias! Para quem só conhece chuva de outubro a maio, e vive no deserto nos outros meses, é realmente fantasioso. Mas cheguei tarde... com o aquecimento global, as chuvas das 15 horas não são mais tão pontuais. Às vezes chove só no fim da tarde, ou lá pelas 13 horas. Mas sempre chove. Sempre. Sempre mesmo! No início achei o máximo! Apostava comigo mesma se a chuva cairia às 15 horas, olhava pela janela antes de sair, planejava meus passeios para antes ou depois da chuva. Bacana! Em uma semana choveu sempre às 17h, na outra, às 14h. Muito bacana! Mas depois de ter minhas roupas mofadas, meus sapatos mofados, meu travesseiro mofado e até minha mala mofada, comecei a achar essa tal de chuva diária não tão

Cidade de Belém

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Acho melhor fazer uma apresentação formal desta cidade. Retirei essas informações da Wikipédia: Belém é a segunda cidade mais populosa da Região Norte e a maior região metropolitana da Amazônia. Possui 1,4 milhões de habitantes no município e 2.043.537 na Grande Belém. É conhecida como a "Metrópole da Amazônia" e popularmente chamada de "Cidade das Mangueiras" pela abundância de exemplares dessa árvore em suas ruas, sua contínua mancha urbana é constituída por cinco municípios. Também é denominada "Cidade Morena", característica herdada da miscigenação do povo português com os índios Tupinambás, nativos habitantes da região à época da fundação. Em seus quase quatrocentos anos de história, Belém vivenciou momentos de plenitude como o período áureo da borracha, no início do século XX quando o município recebeu inúmeras famílias européias, o que veio a influenciar grandemente a arquitetura de suas edificações, ficando conhecida como Paris n'América . H