Pato no tucupi
Cheguei em Belém louca para experimentar a comida típica. Sabia que existia um prato chamado "pato no tucupí" (acento meu), mas não fazia a menor idéia do que seria. Não sabia se era uma folha, uma tigela, uma fruta ou um molho... Ah! Mas eu aprendi a lenda do tucupi (aqui em Belém tem lenda para tudo):
Diz a lenda que Jacy (Lua) e Iassytatassú (Estrela D'alva) combinaram visitar o centro da Terra, e quando foram atravessar o abismo, a serpente Caninana Tyiiba mordeu a face de Jacy. Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas, e derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. A partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi).
Bacana! Seria o tucupi em forma de gotas?
Resolvi experimentar. Descobri um restaurante que tinha, e fui correndo ver do que se tratava. Era um pato em um molho amarelo, cheio de uma folha cozida por cima. Pronto, descobri! Tucupi era um molho com cor de mostarda!! Entrei na fila (era self-service) com um misto de ansiedade e curiosidade, apertando o prato nas mãos. Finalmente iria experimentar. Sentia um cheiro diferente no ar, um cheiro ácido, forte, gostoso. Opa, minha vez de servir! Parecia uma criança escolhendo cuidadosamente os pedaços. Peguei um tanto daquela folha, um outro tanto de arroz branco, e entupi o prato com o caldo amarelo, como vi as pessoas fazendo. Expectativa. O cheiro estranho cada vez mais forte, a boca salivando. Ao pegar os talheres, descobri uma colher acompanhando o tradicional garfo e faca. Peguei também, sem entender direito.
Sentei. Fiz cara de quem comia isso desde pequenina, não era novidade, afinal, quem nunca comeu tucupi na vida? Quando coloquei o tucupi pela primeira vez na boca, a sensação foi indescritível... É MUITO BOM!!!! Como descrever um sabor? Não conheço palavras suficientes para isso! É um gosto forte, ácido, levemente azedo, que preenche a boca, o nariz. Aquele cheiro forte, bom e amarelo era dele, o tucupi. Fechei os olhos de prazer.
Acho que fiz cara de gringa, ou estava meio sem jeito com 3 talheres, pois um senhor da mesa ao lado disse para eu encher a boca daquela folha, porque ela adormecia os lábios. Mas quando??? (= Sério?) OK, vamos lá! Eras (= puxa!), é muito interessante! Os lábios e a língua adormecem!!! Tenho que lembrar de comer uns maços antes de ir ao dentista... a folha se chama jambú, e é companheira inseparável do tucupi.
Bom, e a colher? Para comer o caldo com arroz, oras! Óbvio! Depois de comer o pato, o tucupi parece uma sopa com arroz! MUITO BOM!
Fui obrigada a repetir. Confesso que só não comi mais porque fiquei com vergonha. Sabe o que é mais interessante? Depois que se come tucupi, fica a recordação do gosto. É sério! Fiquei lembrando do gosto um tempão! É... fica mesmo... vou terminar esse texto logo e tomar uma bela cuia de tacacá (depois explico, também é com tucupi), estou salivando só de lembrar!
Antes de sair, vamos à nossa boa Wikipédia:
O Tucupi é um molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava, que é descascada, ralada e espremida, tradicionalmente usando-se um tipiti (espécie de prensa de palha trançada). Depois de extraído, o molho "descansa" para que o amido (goma) se separe do líquido (tucupi). O líquido é cozido por horas para eliminar o veneno, já que o tucupi é venenoso, pois contém ácido cianídrico (quantos índios morreram até descobrirem isso?), podendo, então, ser usado como molho.
Jambú, também conhecida como agrião-do-pará, é uma erva típica da região norte do Brasil, mais precisamente do Pará. Uma de suas principais características é a capacidade de trimilicar (gostei do verbo!) os lábios de seus comensais. A planta é reconhecida como anestésica, diurética, digestiva, sialagoga (que é isso?), antiasmática e anti-escorbútica. Os seus capítulos (tipo de inflorescência) possuem propriedades odontálgicas e anti-escorbúticas.
Traduzindo: MUITO BOM!
Recomendo. Quem não quiser vir até aqui, tem na Feira da Torre, em Brasília.
Diz a lenda que Jacy (Lua) e Iassytatassú (Estrela D'alva) combinaram visitar o centro da Terra, e quando foram atravessar o abismo, a serpente Caninana Tyiiba mordeu a face de Jacy. Jacy ficou marcado para sempre pelas mordidas, e derramou suas lágrimas sobre uma plantação de mandioca. A partir das lágrimas de Jacy, surgiu o tycupy (tucupi).
Bacana! Seria o tucupi em forma de gotas?
Resolvi experimentar. Descobri um restaurante que tinha, e fui correndo ver do que se tratava. Era um pato em um molho amarelo, cheio de uma folha cozida por cima. Pronto, descobri! Tucupi era um molho com cor de mostarda!! Entrei na fila (era self-service) com um misto de ansiedade e curiosidade, apertando o prato nas mãos. Finalmente iria experimentar. Sentia um cheiro diferente no ar, um cheiro ácido, forte, gostoso. Opa, minha vez de servir! Parecia uma criança escolhendo cuidadosamente os pedaços. Peguei um tanto daquela folha, um outro tanto de arroz branco, e entupi o prato com o caldo amarelo, como vi as pessoas fazendo. Expectativa. O cheiro estranho cada vez mais forte, a boca salivando. Ao pegar os talheres, descobri uma colher acompanhando o tradicional garfo e faca. Peguei também, sem entender direito.
Sentei. Fiz cara de quem comia isso desde pequenina, não era novidade, afinal, quem nunca comeu tucupi na vida? Quando coloquei o tucupi pela primeira vez na boca, a sensação foi indescritível... É MUITO BOM!!!! Como descrever um sabor? Não conheço palavras suficientes para isso! É um gosto forte, ácido, levemente azedo, que preenche a boca, o nariz. Aquele cheiro forte, bom e amarelo era dele, o tucupi. Fechei os olhos de prazer.
Acho que fiz cara de gringa, ou estava meio sem jeito com 3 talheres, pois um senhor da mesa ao lado disse para eu encher a boca daquela folha, porque ela adormecia os lábios. Mas quando??? (= Sério?) OK, vamos lá! Eras (= puxa!), é muito interessante! Os lábios e a língua adormecem!!! Tenho que lembrar de comer uns maços antes de ir ao dentista... a folha se chama jambú, e é companheira inseparável do tucupi.
Bom, e a colher? Para comer o caldo com arroz, oras! Óbvio! Depois de comer o pato, o tucupi parece uma sopa com arroz! MUITO BOM!
Fui obrigada a repetir. Confesso que só não comi mais porque fiquei com vergonha. Sabe o que é mais interessante? Depois que se come tucupi, fica a recordação do gosto. É sério! Fiquei lembrando do gosto um tempão! É... fica mesmo... vou terminar esse texto logo e tomar uma bela cuia de tacacá (depois explico, também é com tucupi), estou salivando só de lembrar!
Antes de sair, vamos à nossa boa Wikipédia:
O Tucupi é um molho de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava, que é descascada, ralada e espremida, tradicionalmente usando-se um tipiti (espécie de prensa de palha trançada). Depois de extraído, o molho "descansa" para que o amido (goma) se separe do líquido (tucupi). O líquido é cozido por horas para eliminar o veneno, já que o tucupi é venenoso, pois contém ácido cianídrico (quantos índios morreram até descobrirem isso?), podendo, então, ser usado como molho.
Jambú, também conhecida como agrião-do-pará, é uma erva típica da região norte do Brasil, mais precisamente do Pará. Uma de suas principais características é a capacidade de trimilicar (gostei do verbo!) os lábios de seus comensais. A planta é reconhecida como anestésica, diurética, digestiva, sialagoga (que é isso?), antiasmática e anti-escorbútica. Os seus capítulos (tipo de inflorescência) possuem propriedades odontálgicas e anti-escorbúticas.
Traduzindo: MUITO BOM!
Recomendo. Quem não quiser vir até aqui, tem na Feira da Torre, em Brasília.
Comentários
Que bom, através dos seus belos escritos, poder conhecer um pouco mais da cultura, dos costumes e culinária desta cidade.
abrs.!
Abs,
Joanna Martins
(joanna@amazoniaemporio.com)
Parabéns Lísia pelo seu Blog.